quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Lago de Sanabria - Espanha

Lago de Sanabria, 19 de setembro de 2010.
Foto: Regina Clara de Aguiar.

Lago de Sanabria região mistica guarda muitas lendas - Sair por ai seria a dica para esse domingo 19 de setembro, segundo a meteorologia um dos últimos fins de semana, deste ano, para se desfrutar um calorzinho de sol de verão em toda Península Ibérica. Propício sem sombra de dúvidas a pequenas excursões até as montanhas, praias ou lagos. Saímos de Salamanca, Vicente, um hispano-brasileiro, Daniela, italiana e eu, brasileira, nordestina do Ceará, em busca da aventura e prazer de se pegar a estrada, numa manhã ensolarada, com céu azul. Especificamente em direção a região paradisíaca do Lago de Sanabria, na província de Zamora, que pertence à região de Castilla y León, centro da Espanha. A viagem demora cerca de duas horas e meia até ao destino, ou seja, ao lago.
O carro, à medida que percorre a rodovia, vai deixando para trás a zona seca do verão causticante, que este ano, castigou impiedosamente a Europa. Adentrando uma zona verdejante, segue entre curvas e mais curvas, pela serra da Culebra, em seguida por outras como: Secundera, Cabrera Baja e Gamoneda, passando pelos rios Cárdenas, Segundera e Tera, região cortada por numerosos bosques e vales, desfiladeiros formados no período glacial. A mudança da vegetação, quase na fronteira com a Galícia, é percebida levando-se em conta o tipo de flora e clima mais ameno.

O entorno do Lago, definido pelo humanista espanhol Miguel de Unamuno como “Espejo de Soledades” (Espelho de solidão), realmente transpira alguma coisa do passado, de eras glaciais, resultado dos pequenos arroios que surgiram a partir do desgelo dos picos nevados. Também conhecido como “Lago de San Martin de Castañeda”, a partir de um mosteiro com esse nome, é um dos lugares na montanha espanhola que se pode visitar em qualquer época do ano, pois em cada estação se mostra peculiar, com diferentes atrativos. No verão é cenário ideal para banhistas, que disputam cada centímetro das suas praias de areias brancas como Custa Llago, Vega de Tera, entre outras, onde se tem a opção da prática de esportes náuticos. O turismo encontra seu ponto alto aí, na diversidade de restaurantes e bares com uma gastronomia de sabor regional e bebidas para todos os gostos.


Prática de esportes nauticos no Lago de Sanabria
Foto: Regina Clara de Aguiar. 19 de setembro de 2010.

O lago é o único na Espanha, do ponto de vista geológico, com origem remontando a era glacial. Possui beleza e natureza incrível. Conta com parques naturais, áreas de pesca, camping e trilhas, além de reunir uma infinidade de lendas nos caminhos que dão acesso ao Espelho d água, que conduzem o viajante a um verdadeiro estado de contemplação e admiração. Situado a mil metros de altitude, sua lamina d água alcança uma extensão de cerca de três quilômetros. Alguns pontos têm profundidade de mais de 50 metros.

Playa de Vega de Tera.
Foto: Regina Clara de Aguiar. 19 de setembro de 2010.

Lendas – O misticismo e a oralidade transformaram o mágico lago num objeto de lendas, repletas de superstições, dentre elas a mais comentada é a de uma cidade encantada no fundo das suas águas, conhecida como Valverde de Lucerna. Segundo contam alguns moradores, era uma cidade próspera, com terras férteis. Numa noite tenebrosa e fria, anterior a noite de São João, apareceu um peregrino necessitando abrigo e alimento. Tentou conseguir um pouco de pão e local para passar a noite; mas os moradores em uníssono, sempre davam a mesma resposta: É um peregrino? Pois continua teu caminho, e deixa-nos em paz, volta de onde veio. Até que encontrou duas mulheres assando pão num forno a lenha, que acolheram e saciaram a fome do pobre homem. Ao final aquecido e alimentado, aconselhou as mulheres que não saíssem de junto do forno aquela noite, pois seriam as únicas pessoas de todo o lugarejo que mereciam ser salvas. O homem anunciou que castigaria toda a gente da cidade, que com o estomago cheio e bem abrigada, não lembrava, dos que passam fome e frio. O caminhante se despediu e ao sair do local pronunciou a seguinte frase: Aqui cravo meu bastão, aqui brote água. Ao dizer isso um grande caudal de água surgiu, e em poucas horas cobriu todo o vale, deixando a descoberto, apenas o local do forno a lenha, em forma de ilha, onde se encontravam as duas mulheres. A partir daí, se conta na localidade, que no dia de São João, as pessoas caridosas e generosas, escutam o ressoar do sino que repousa no fundo do lago encantado.


Texto: Regina Clara de Aguiar.
Salamanca 22 de setembro de 2010.

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