quinta-feira, 22 de setembro de 2011

POEMA DE FINAL DE TARDE

Hoje perambulando sob o sol do meio-dia
desta cidade colorida
na pedra de villamayor!
Energia solar outonal!
Inquietude!
Quietude!
Lugares de poder,
fazem lembrar de te em cada esquina!
exercendo em mim
o eterno retorno de um dia ter sido tua!
Simbiose de lembranças!
De momentos!
Tua sombra ainda habita meu ser!
Teu cheiro!
Teu sabor!
Tua boca ávida...
A minha boca se envolvendo na tua
Nessa ágora... Antes, agora, final de tarde.
Procuro tua boca e só encontro o sopro vazio do ar que sopra meu rosto,
Roçando meus lábios!
Lembrando outras tardes!

Porém!
Hoje vives em mim...
Revives ainda a certeza... 
Ilusão...
Utopia...
A verdade de ter sido tua!
Tua sombra ainda habita meu ser!
Repousa com profundidade e força mediúnica,
nas entrelinhas de uma metáfora! Meta... A se viver!
Teus pés pisam por meio da tua sombra que habita meu ser,
O mesmo solo sagrado
Que me trouxe a te!
Atravessando elementos
Terra!
Água!
Oceano de águas, cálidas!
Cheguei a te,
Nas asas da magia... Da Meiga!
E numa tarde...
Com o sol da primavera tocando minha pele e a tua
Despertando aromas distintos que se imbtricaram
Em tardes e noites desta cidade!
Hoje cada monumento é testemunha da dor
Dor que ainda dói!
Desespero!
Correnteza de lágrimas!
E as águas se tornaram frias...


O sol ainda ilumina a tua sombra que vive em meu ser!
E a mesma praça reflete tua presença!
O mesmo banco!
Lugar legitimando
a madrugada em que fui tua por primeira vez...
Tua boca roubando um primeiro beijo!
Teu beijo eternizado naquele banco...
E a fonte ainda jorrando água!
Parece que tudo se paralisou em te!
Na tua força mística!
No teu ser incandescente!
Ser que ainda habita meu ser!
Ainda sinto teu cheiro!
Ainda escuto tua voz!
Ainda sinto teu alento
Ainda sinto teus movimentos!

Tuas mãos em busca das minhas mãos!
Teus pés caminhando junto aos meus!
No mesmo ritmo cadenciado.
O calor do teu corpo aquecendo o frio da cidade!
Te amo! Te quero! Te gosto! Te sinto xamã!
Chama ardente na minha alma desfeita!
Ou alma refeita sempre que
retornas mitificado!
Transcendental!
E me apertas!
E me confirmas!
E sussurras através do vento que sopra discreto,
Não... Não vou te esquecer!
Não... Não quero que te vás de minhas lembranças!

Te amo!

Salamanca, 22 de setembro de 2011.
Regina Clara de Aguiar

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

BAIÃO DE DOIS COM PAÇOCA TIPICO DA COZINHA CEARENSE

Baião-de-dois – Inspirada na leitura do texto “Gostosuras populares da cana e do açúcar”, de Mário Souto Maior, consigo recordar em meio ao conjunto de lembranças de hábitos, costumes e rotinas em família, da preparação de um prato típico da minha terra, o “baião-de-dois”. Para o seu preparo nada mais, nada menos, que o trivial feijão e arroz. Após o feijão ser levado ao fogo, acrescentar pedaços de toucinho fresco ou em forma de torresmo. Importante, deve ser usado apenas, feijão verde, ou seu variante seco, ‘de corda’. Aqui em Pernambuco encontra-se em mercados e feiras populares. Em seguida ao seu cozimento, joga-se o arroz devidamente lavado e seco em uma peneira, dentro da panela do feijão cozido, para secar. De preferência usa-se uma panela de barro, e ainda fica mais saboroso se feito em fogão à lenha. Ao mesmo tempo do arroz, coloca-se muito queijo coalho cortadinho, nata e manteiga da terra. E se quiser dar um sabor diferente ao tempero, junta-se o piqui, frutinha recheada com um caroço em forma de espinhos, que deve ser apenas lambida com cuidado para não se acidentar, pois provoca lesões no músculo da língua. O seu uso é apenas para dar um sabor exótico, e é difícil de ser encontrado por aqui. O cheiro do ‘baião’ que é considerado o prato de maior representatividade da gastronomia cearense, é algo indescritível, sobressaindo-se às vezes o feijão, outras vezes o queijo derretido. Ao final configura-se uma grande mistura para ser saboreada quente, fumaçando, numa mesa reunindo a família, amigos e agregados, pois o cearense com fama de hospitaleiro, sempre tem algum agregado em casa nos momentos das refeições.
Bom, como aqui em Pernambuco se costuma festejar datas importantes servindo a tradicional “feijoada”, lá no Ceará, é costume local se convidar para algum festejo em casa e servir o ‘baião’. Normalmente o prato é acompanhado pela paçoca que também faz parte dos pratos típicos da culinária cearense. Também não pode faltar na mesa de jantar, como a sopa de feijão pernambucana. Ao final de tarde reina nas ruas e ruelas das cidades cearenses, o cheiro característico do cozimento do baião, enchendo olfato e paladar com o delicioso aroma. Geralmente para o jantar durante a semana se usa a sobra do feijão do almoço, e é de um feitio mais simples.

Paçoca - Aos domingos a faina lá em casa começava logo cedinho, pois um tio avó, irmão do nosso avô paterno, o Dr. Drumond, magistrado considerado mestre e sábio pela família, todos nós tínhamos o maior respeito e deferência, inclusive só chamávamos ele, de dotô, costumava marcar ponto cerrado na mesa domingueira da Juju, minha mãe, para degustar no almoço o delicioso baião com paçoca. Chegava perguntando já do portão: “Júlia o ‘baião’ já tá pronto? Embaixo do braço sempre trazia um ‘agrado’, como uma lata de marmelada, que não se encontra mais como naquela época, para a sobremesa, ou um queijo-do-reino. Minha mãe atarefada, com os preparos do almoço, andava de um lado e do outro, chamava por cada uma das três mais velhas (sou a do meio), chega aqui fulana, bota o jabá no fogo com água pra tirar o sal. O jabá , carne de charque, seca ou carne de sol é para o preparo da paçoca. Os ingredientes são além da carne, cebola e farinha de mandioca. Na minha casa a moda antiga, meus pais tinham no quintal, um ‘pilão’ de madeira enorme, confeccionado num tronco de árvore pelo meu avó paterno. Ao meu pai cabia a tarefa de lavar o utensílio, pois como ele era fincado no chão, sempre apareciam as visitantes formigas. Inicialmente ele esfregava com sabão de pedra, depois com bastante água quente, aí deixava enxugar coberto com um pano limpo. Enquanto isso, minha mãe preparava a paçoca para ser pilada. Depois de tirado o excesso de sal da carne, esta era frita numa frigideira com óleo e cebola. Para dar a coloração amarelada, indispensável o coloral, que em outras ocasiões era triturado no mesmo pilão, aí já é uma outra receita, de manipulação de tempero caseiro. Como a minha mãe antigamente tirava do quintal estes produtos, além da horta caseira que hoje em dia ela ainda mantém, tinha um pé de urucum, pequeno arbusto de onde se retira as sementes para o coloral, entre muitas fruteiras. Quando a carne está assada tira-se a frigideira do fogo, e então, põe-se cebola crua e a farinha, essa farofa é colocada no pilão e triturada até ficar completamente macerada. Meu pai passava horas como obreiro da paçoca. Ele tinha uma habilidade incrível no manuseio do braço do pilão. Algumas vezes eu ajudava, mas cansava logo, o suor frio ia descendo pelas costas. Mas a trabalheira para tal confecção desse prato, valia a pena, pelo sabor com gosto de festa.

Regina Clara de Aguiar
Recife, 18 de novembro de 2003.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

O PRIMEIRO CAMINHO A GENTE NUNCA ESQUECE


Viajar caminhando com os próprios pés, por uma das muitas direções e atalhos que levam a Santiago de Compostela na Galícia, Espanha, é realmente árduo! Mas com certeza na época do Santo Apostolo não tinha muita opção! Porém, se acaso Santiago fosse nosso contemporâneo, certamente iria usufruir de todas as formas e possibilidades que levam o peregrino em estado de peregrinação, a passar dos pés, à bicicleta, ao cavalo, e até mesmo as charretes que ao longo dos caminhos cruzam com os caminhantes solitários ou em grupo, compartindo cenário, beleza e as bolhinhas que aparecem de vez em quando no dorso dos pés.

Caminhar... Caminhar... Caminhar... Ou seja, seguir um dos muitos caminhos que levam a um objetivo final único, que é chegar a Santiago de Compostela após andar no mínimo 100 kilometros durante alguns dias; entrar na catedral gótica monumental; assistir a missa dos peregrinos pontualmente ao meio-dia e receber o título da “Compostela”, com pompas de uma longa fila e atendentes que perguntam um montão de coisas até conceder o papel com o nome pessoal escrito em latim, pode significar muitas coisas, como: entrar em sintonia com a energia pura da natureza!






Sentir o cheiro de mato com incríveis tonalidades de um verde que até parece irreal aos nossos olhos; ouvir o galo cantar; chacoalhar em charco, na lama dos arroios que são muitos...; é sentir um pingo de chuva na cabeça que logo se transforma numa “tremenda tormenta” como alguém bem definiu as tempestades que costumam cair na Galícia.






E muitas vezes nos deixam completamente encharcados até a alma! Por isso é comum se encontrar estranhas formas nos caminhos, pois com a capa de chuva protegendo a mochila, o caminhante pode ser até mesmo confundido com o famoso e conhecido Corcunda de Notredame, o Quasemodo... 
No caminho pode-se desfrutar de uma deliciosa gastronomia local, com sabores para todos os gostos; mas o comum para muita gente é a trilogia sagrada composta de pão, vinho e os queijos artesanais, que em cada localidade tem sabor distinto. E frutas como laranja e banana são sempre bem vindas. 


Mas o que não pode faltar nunca na mochila é uma garrafinha de água que alivia o calor e a secura na garganta, sobretudo nas subidas, quando dependendo do nível de dificuldade, muitos caminhantes se ressentem.  


Além dos albergues, públicos ou privados, o peregrino conta também com uma rede de hotéis, pousadas e pensões, e até outros serviços, como enviar a mochila de taxi ou bicicleta para o local em que for pousar seu corpo cansado da caminhada, ao final de um longo dia que pode começar desde as 5:30 h da madrugada, para os mais corajosos.
  


Mas o que fica ao final de todo esse esforço é uma idéia incrível de conexão! E a certeza de que se usufruiu de uma etapa crucial para o resto da vida. Assim é caminhar! É se deparar frente ao sagrado, pois o caminho sutilmente pode conduzir a crentes, não crentes, agnósticos, ateus, os com fé exacerbada etc. etc., a todas as formas de meditação e contemplação mediante o canal natural expandido de acordo com a consciência do caminhante e suas buscas pessoais.




Posso afirmar que foi marcante nessa caminhada, um sentimento profundo de incrível solidariedade humana...; além do que se pode considerar imensa força de vontade, a exemplo de uma senhora francesa com 75 anos, que sozinha fazia sua quinta peregrinação, e segundo explicou, a última imersão no caminho. Mas o caminho segue e seguirá..., sempre haverá adeptos e mais adeptos dispostos a investir na caminhada lúdica para alguns e de fé para outros.


E agora só resta lembrar que na floresta silenciosa, apenas rompido o  silencio, com o som dos nossos passos, sempre haverá a possibilidade de se encontrar atrás de um velho tronco de árvore, à nossa espreita, uma Meiguinha (bruxinha da Galícia) a nos observar e até seguir, sorrindo muito e protegendo de todos os perigos da floresta secular. E assim com a permissão e bendição desses pequenos e ocultos seres invisíveis da natureza plena, termino esse pequeno texto escrito com o coração repleto de alegria de ter vivenciado dias em companhia de pessoas com almas sensíveis e engrandecidas por uma áurea de fraternidade e amor universal.
Salamanca, 29 de abril de 2011.
Reginam Claram de Aguiar

sábado, 26 de março de 2011

TRES VISIONES DEL CAFÉ BAR “AI”



Bruni, Roberto y Regina 

"En Salamanca, la buena y original cocina japonesa cuenta con un local típico de ambiente acogedor, se trata del café y bar Japonés “AI” (palabra que significa amor), en la calle las Begonias, nº 6. Allí, además de disfrutar platos elaborados de la mano del chef Mashi, un japonés casado con la salmantina Conchi, se puede quedar de pinchos japoneses acompañados por típicas bebidas japonesas como el té verde o una auténtica cervecita Kirin o Asahi.


Roberto y Bruni en la barra del AI con Conchi y Maschi
La decoración del local recrea la cultura de Mashi, con frases escritas en su idioma que despiertan la curiosidad de la gente que va allí. La primera vez que estuvimos allí - Roberto, Bruni y yo -  a principios del mes de enero de 2010, nos sentimos verdaderamente bien, tanto que, pasado un año, volvemos otra vez para repetir nuestro encuentro anual, ya que Roberto reside actualmente en Corea, Bruni en Palencia y yo en Salamanca.

Hay que desfrutar los pinchos
El lugar transmite un tremendo bienestar y ganas de pasar allí el tiempo probando los coloridos pinchos y raciones en la compañía acogedora de los dueños que hablan sin descanso de sus experiencias de vida y de cómo se conocieron. Mashi y Conchi tienen una historia que, contada por ella, adquiere una cierta singularidad. Se conocieron en España, él estudiante aficionado a los toros había venido a Castilla de becario y por su deseo de aprender la cultura y tradición de los toros conoció al padre de Conchi, quien le inició en el mundo del toreo, y luego la conoció a ella, de muy jovencita. Se casaron vestidos los dos con ropa de toreros y se fueron a vivir a Japón sin que ella hablase una sola palabra del idioma de su marido, por eso nos cuenta muchas cosas interesantes de su vida hasta hoy. Ahora viven en Salamanca, tienen una hija de 16 años y otra  de 11 y están felices y contentos con su trabajo.

San Pancracio mira con buenos ojos a la gente.

En ese momento en que Japón sufre con los efectos que el terremoto y tsunami dejaran en algunas regiones de ese país de gente fuerte, solo tenemos que pedir a “San Pancracio”, para  que envíe su luz para clarear el Japón y a su pueblo en  la reconstrucción de las zonas afectadas por esos estragos de la naturaleza. El santo genera la prosperidad y en el “AI”, tiene su sitio sagrado alimentado de una taza de vino, que cambia Conchi  a menudo, para darle las gracias de su negocio que va a tope".

Firma: REGINA

"El Ai es un lugar de encuentro entre dos mundos en el que conviven felizmente una figura de San Pancracio con un maneki neko, -gato de Japón y otros países asiáticos que se pone en casas y comercios para atraer la buena suerte- platos exóticos expuestos en el mostrador típico de una tasca, cencerros y cómics manga. También es un lugar para compartir y conocer, en el Ai se puede encontrar un público variopinto, desde los “autóctonos”, la gente del barrio y de pueblos de Salamanca, hasta estudiantes asiáticos, o nostálgicos que han pasado por Japón y reviven sus experiencias junto a un takoyaki y un vaso de sake.

Conchi y Mashi los anfitriones
Si hay una cosa que no falta en este bar además de una gran cocina, ésta es el buen humor y el intercambio de historias, noticias y anécdotas. En esta atmósfera tan familiar, es fácil integrarse y entablar conversación con otros clientes, escuchar las aventuras de Conchi en Japón y de Mashi en Salamanca y pasar el rato en buena compañía  descubriendo sabores nuevos. En definitiva, el Ai es, sobre todo, un puente tendido entre Japón y Salamanca".


Firma: BRUNI



"Como ya viene siendo una tradición cada vez más arraigada, Regina, Brunhilde y Roberto se dirigieron a disfrutar de la cultura gastronómica nipona y a tocar el cencerro al establecimiento garridense AI, que significa amor en lengua japonesa. Ahí pudimos disfrutar de una gran variedad de tapas japonesas preparadas por Mashi-sensei y disfrutar de su agradable compañía así como la de su esposa Conchi. Especialmente nos encantó el oyakodón, literalmente tazón del progenitor y el vástago ya que entre sus ingredientes se encuentra carne de pollo y huevo ¿Adivináis quién es el padre y quién el hijo?

Bruni tocando el cencerro de las manos de Roberto

Regina igual que Bruni quizo tocar el cencerro de las manos de Roberto








Bueno, el caso es que terminamos tan agradable velada, como no podía ser de otra manera, tocando el cencerro. Deseamos que Mashi y Conchi tengan, con ayuda de San Pancracio, mucho éxito ya que se lo merecen por su duro trabajo y buen humor. ¡Mata kimasu!".

Firma: ROBERTO

TEXTO: REGINA CLARA DE AGUIAR CON LA COLABORACIÓN DE BRUNI Y ROBERTO









































terça-feira, 8 de março de 2011

CARNAVAL EXPRESSÃO DE SAUDADE AGORA!


Samara minha sobrinha linda e minha irmã de fé Anfy, abençoadas por dois mascarados  portando nas mãos a sombrinha, um dos símbolos do frevo. 





aspecto decoração ponte no centro da folia recifense. 
O carnaval acabando!!! Ainda não acabou!!! Agora realmente a vida se normaliza aqui e ali. Pois mesmo distante se pode sentir a vibração da catarse coletiva que impregna as cidades do Recife e Olinda nessa época do Reinado de Momo, do rufar dos tambores silenciosos; de um Naná Vasconcelos que há dez anos tem a tarefa de administrar e comandar a regencia dos tambores de uma das maiores orquestras de maracatu do país, além da responsabilidade de abrir o carnaval, que este ano foi de uma beleza incrível; Lenine acompanhado por grandes cantoras do cenário da MPB, simplesmente foi divino como anfitrião do palco do Marco Zero na noite da sexta-feira de carnaval, uma delícia de se ver e  ouvir, mesmo que na telinha do computador, acompanhando o espetáculo "Sob o mesmo céu - Mulheres do Brasil", que foi maravilhoso. O show reuniu na ocasião as cantoras Zélia Duncan, Marina Lima, Fernanda Takai, Pitty, Karina Buhr, Mariana Aydar, Roberta Sá, Nena Queiroga e Elba Ramalho, sob a direção do artista pernambucano, abrindo o carnaval do Recife. E a alegria contagiante no entorno do desfile do Galo da Madrugada, não deixa lugar a dúvidas que continua mantendo o status de maior bloco de rua do mund. Este ano arrastou quase dois milhões de pessoas brincando nas ruas centrais do Recife, no sábado de Zé Pereira.

decoraçao noturna carnaval pernambucano

momentos de folia
Não dar para contar mais, pois o recorte que se faz aqui é apenas para registrar alguns detalhes de tantas outras coisas que pude acompanhar aos pedacinhos, graças a este pequeno aparato tecnologico que tenho diante de mim! Ufa, saudades, saudades e saudades, é só o que consigo expressar.

Hoje percebo o quanto vivi com intensidade a efervescencia dos carnavais do Recife e Olinda, em Pernambuco, no meu pais, Brasil. Penso que o tempo não desfaz as lembranças fortemente guardadas em gavetas da memória emocional, afetiva. Pois em algum momento pontual, essas recordações vem a tona em forma de cascata, impregnando, ressignificando  e expressando sentimentos vivenciados. Afinal são cinco anos fora do circuito e cenário carnavalesco pernambucano.

Que lindas essas duas disfarçadas no carnaval hein! Zelita e Helpezinha, amigas genuinamente pernambucanas.
É como sinto! Apesar de ainda ter muitos carnavais para vivenciar... Espero encontrar outros motivos interessantes como os muitos que curti na companhia de amigos, encontrando o amor em alguma esquina no carnaval de Olinda, começando forte e bela história de amor, que acabou, abrindo espaço para novos encontros! Mas as ladeiras e as esquinas olindenses continuam no mesmo lugar; agora é esperar a primeira oportunidade de voltar e esbanjar felicidade vendo o entardecer na Praça do Carmo, ao som de um frevo que é pernambucano, tomando uma cervejinha geladinha e vendo na linha do horizonte o Atlantico tendo ao fundo a cidade do Recife.

Meu irmao João Niculau, cunhada Lucy, folião, minha irmã animada foliona Anfy Drummond e meu querido amigo Rinaldo Ferraz desfilando no bloco "Enquando isso na sala de justiça", que desfila sempre no domingo de carnaval, enchendo as ladeiras de Olinda dos mais diversos tipos de super heróis que saem das suas caixas mágicas diretamente para bailar ao som das orquestras de chão de frevo e embalar toda gente da magia que é estar e participar dessa festa na cidade patrimonio da humanidade.
Texto: Regina Clara de Aguiar
Fotos: cedidas por autores

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Olite medieval


Prefeitura de Olite
Olite (Erriberri em basco/euskera) é um município medieval, charmoso e agradável, localizado próximo a Pamplona, que é a capital do Reino de Navarra, comunidade foral autônoma ao norte da Espanha. Com população de 3.435 habitantes (2006) em área de 83,20 km².

Ainda conserva rico patrimônio arquitetônico e cultural de épocas passadas. A torre medieval é um exemplo de conservação desse passado, ligando a Plaza Carlos III el Noble e a Calle San Francisco na zona central da cidade.
 

Torre Medieva entre Plaza Carlos III el Noble e a Calle San Francisco.
Plaza de Carlos III el Noble
 
Bar Mesón el Sol


Há também a visita quase obrigatória à igreja de Santa Maria, construída entre os séculos XIII e XIV, na Praça Teobaldos. O templo de nave única guarda em seu seio, valioso acervo em arte sacra onde podemos observar além do altar renascentista, uma estatua gótica da virgem e outra do Cristo de la Buena Muerte. Sua beleza artística é uma das mais importantes em estilo gótico de Navarra. Anexada ao Palácio Real da cidade, era a residência predileta do imperador Carlos III el Noble, e foi utilizada pelos monarcas navarros, tanto para festividades como para atos oficiais.

A caminho do Museu do Vinho
Caminhar nas estreitas ruas, becos e praças, além de adentrar nos labirintos do castelo ou das galerias medievais, é algo mágico, mostra que na verdade o tempo parece que ficou congelado nas paredes de pedra que compõem o belo cenário e traçado urbano da cidade.
No Museu do Vinho de Olite, o visitante conta com orientação sobre produção, técnica e cultura enóloga por meio de ferramentas de multimídia e da iconografia vinícola local, apresentada em cada sala. Sabemos que hoje está cientificamente comprovado que o consumo de uma dose diária de vinho beneficia a saúde e faz bem ao coração.  O curioso ainda pode treinar o paladar com pastilhas coloridas para sentir o sabor das diversas categorias de vinho, suave, seco, doce, etc., além de degustar um delicioso vinho da região.

O Castelo-Palácio dos reis de Navarra, é um dos mais importantes monumentos de estilo gótico europeu, cativando aos visitantes que ficam impressionados com seu traçado. Carlos III el Noble foi o responsável por sua construção ao final do século XIV.





Olite, julho 2007.
Regina Clara de Aguiar

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

La Gomera bela ilha atlântica



La Gomera – é considerada ilha colombiana, pelo simples fato de que o navegador Cristovão Colombo fez escala na viagem em que veio a descobrir o continente americano, e nas duas posteriores, em direção ao novo mundo, para abastecer as caravelas Santa Maria, Pinta e Niña, com água e mantimentos. Enquanto esperava o abastecimento o Almirante se hospedava, onde hoje funciona uma espécie de museu, “Casa Colón”, símbolo colombiano e motivo de atração turística.

Mas da casa original só restou mesmo o lugar, já que a ilha sofreu três grandes incêndios por pirataria, que apagou parte da memória documental e do casario. Foi reconstruída baseada em relatos e descrições da época, sendo hoje marco da presença colombiana na segunda menor das sete ilhas que compõem o Arquipélago das Canárias, território insular da Espanha.

De origem vulcânica, é curioso que não tenha acontecido nenhuma erupção nos últimos dois milhões de anos, por isso, segundo Paco, coordenador da Casa Colón, é uma ilha sedimentada. Seu formato meio arredondado, tem cerca de 375 quilômetros quadrados. Localizada no Oceano Atlântico, em frente à costa Norte da África atinge a altitude máxima de 1.487 metros sobre o nível do mar, no pico Garajonay. A ilha conta com administração própria, dividida em seis municipalidades, sendo San Sebastián de La Gomera a capital insular, fervilhando de turistas que entram e saem por duas vias, aérea ou marítima.

Atualmente pode-se dizer que possui uma infra-estrutura turística razoavel, com bares, restaurantes, padarias, supermercados e rede hoteleira, alguns de categoria cinco e quatro estrelas; mas existem também pequenas pensões, onde o visitante pode optar pela estadia em ambientes simples e acolhedores, e ter contato mais direto com a gente do lugar. E uma vez aportando na ilha vale a pena provar as delícias gastronomicas produzidas, muitas ainda artesanalmente, como o almogrote - creme elaborado com queijo de cabra, pimentão vermelho picante e outras especiarias - e o mel de palma. Os vinhos produzidos na ilha têm um carácter distinto, sendo consumidos com queijo local e carnes grelhadas de porco ou de cabrito, a especialidade gastronómica da ilha.

Por ter uma formação geográfica com predominância em áreas escarpadas na costa, as praias são escassas e de areia negra. Além das rochas as fortes correntes marítimas que produzem ondas altíssimas, são grandes os obstáculos para se chegar e desfrutar de um banho no azul atlântico. Talvez por esse motivo, a pratica de um turismo de massa não seja tão evidente, pois a maior parte da ilha encontra-se por explorar, sendo povoada por densos bosques entre montanhas, e um ecossistema sub-tropical.
Os habitantes da Gomera têm uma forma original de comunicação, que lhes permite conversar entre uma montanha e outra, a que chamam silbo (silvo). É uma linguagem composta por apenas seis fonemas, que com dois dedos na boca produzem sons sibilados, que permitem ser ouvidos a longa distancia. Conta Paco que isso vem da época dos aborígenes da ilha, mas foi apropriada pelos colonizadores europeus do século XVI, tendo assim sobrevivido à extinção. Hoje os gestores em educação local vem tendo a preocupação de criar mecanismos para que as crianças aprendam nas escolas públicas da ilha, a manejar o silbido.


Visível ou invisível - Enquanto esperava o transporte público - que na Gomera funciona muito bem, apesar da limitação de horários - que me levaria à entrada da trilha que dar acesso ao Garajonay lembrei de um livro, “As Cidades Invisíveis” do Ítalo Calvino, que li há algum tempo atrás, onde o autor mergulha numa viagem do que pode ser uma cidade ideal ou não, apropriando-se do imaginário de lendas, do personagem Marco Pólo que ao lado do Imperador Kublai Khan à sombra do seu jardim particular de magnólias, relata peripécias e andanças por territórios longínquos e inimagináveis.


Retindo sobre esse aspecto da obra de Calvino, me dei conta do quanto havia viajado para chegar a esse pequeno e mágico lugar até então invisível aos meus olhos e aos meus ouvidos, naquele momento, atentos a paisagem exuberante, assim como a história e às lendas locais.









Garajonay - localizado no centro da ilha, o pico dar nome ao parque natural com 3.986 hectares, tombado pela UNESCO em 1986, como patrimonio da humanidade.





O alto do Garajonay é guardião de um altar aborígene num sítio arqueológico, em área preservada e protegida. Apesar de estar quase sempre mergulhado em nevoeiros, o lugar oferece ao visitante uma vegetação rica em variedade, onde se destaca a laurisilva, sendo os bosques dessa espécie uma imagem viva do que pode ter sido esse ecossistema há milhões de anos atrás.







E por ser constituído com musgos e uma neblina persistente envolvendo-o todo tempo, o lugar possui uma atmosfera meio tenebrosa propicia a lendas e histórias que tornam o local mágico. Ainda hoje se acredita que a localidade conhecida como Laguna Grande, no interior do parque, em tempos passados foi cenário de prática de bruxaria, quando ao cair da tarde ao por do sol, as bruxas chegavam para celebrar seus “alkelarres”.


A origem do nome vem de uma lenda popular muito antiga sobre dois amantes, Gara e Jonay. No percurso da viagem de ônibus conheci um Jonay, o motorista se chamava assim; e um professor que viajava no mesmo veículo, explicava que é comum se encontrar pessoas na ilha com os nomes que dão origem ao pico. A tradição remonta ao passado aborígene, onde membros das tribos de uma ilha não podiam se mesclar e casar com os de outra ilha, e o arquipélago como sabemos é composto por sete ilhas.

Bom, o caso é que dois jovens príncipes”..., assim começou a contar Paco, enquanto eu perambulava entre os cômodos rústicos da casa vazia, com alguns quadros de pintores nativos expostos temporariamente. Paco contou que devido aos incêndios sofridos, muitos documentos da memória histórica da ilha, se perderam, e a casa foi reconstruída baseada apenas em relatos. Faz uma pausa para mostrar detalhes do muro com um tipo de pedra da ilha, que segundo afirma, hoje é bastante utilizada nas novas construções da Gomera.













Dando seqüência a lenda de Gara y Jonay, Paco explica que,

“durante o ano, na época dos aborígenes, era comum, em algumas festas, os habitantes de Tenerife, considerada a ilha infernal, fazerem a travessia até a Gomeira, então vista como a ilha da água, para celebrarem juntos alguns rituais. As jovens gomeras aproveitando o ensejo se deslocavam até aos “Chorros de Epina” para colher água dos sete jorros d’água considerados mágicos, com a intenção de ver o rosto antes do sol nascer, pois se a imagem refletida fosse clara, significava que encontrariam em breve seu parceiro amoroso, mas se o reflexo fosse turvo, alguma desgraça estaria por vir. E entre elas estava a bela princesa Gara. Mas o velho bruxo Jerián que observava as jovens, viu que a sombra do fogo queimava a água, significando que a morte se aproximava. Gara se olhou, e ao principio a imagem gerada foi clara e transparente para logo se tornar turva e agitada, até converter-se num sol incendiário que deixou a água suja e revolta. Jerián que observava, predisse que ‘o que tiver de ser será’. E acrescentou: ‘Foge do fogo Gara, ou o fogo haverá de consumir-te’. O pressagio correu de boca em boca.

E fatalmente ao chegarem os nobres de Tenerife, o príncipe Jonay que acompanhava o pai destacava-se em todas as competições, despertando a atenção da princesa, e ao se cruzarem seus olhares, aconteceu o inevitável, ou seja, a paixão se apoderou dos corações dos dois jovens príncipes, que anunciaram um possível compromisso, mas ao se propagar a notícia, o mar ficou agitado e foram ouvidos os estampidos do grande vulcão de Tenerife.
Logo todos lembraram dos presságios do velho bruxo sobre a questão da água e fogo que não se combinam. Gara era a princesa de Ângulo, lugar da água e Jonay, da terra do fogo, portanto um amor impossível, que as chamas que saiam da boca do Teide confirmavam. Se não voltassem atrás e se separassem logo, grandes males poderiam suceder. E ante esta terrível e maldita ameaça seus pais proibiram que voltassem a se ver. A fúria do vulcão foi aplacada.
Jonay junto com seus parentes nobres retornou a Tenerife, mas estava perdidamente apaixonado e não podia esquecer a princes; na metade do percurso da travessia, amarrou duas bexigas de animal infladas a cada lado do corpo e lançou-se ao mar nadando de volta a Gomera para junto da sua amada. Estava exausto, mas guiado por uma força amorosa incrível alcançou a costa, e assim foi ao encontro da terna Gara, se abraçaram apaixonadamente e fugiram entre os montes de laurisilva para refugiar-se num local de difícil acesso, conhecido hoje como El Cedro. Mas a felicidade durou pouco, já que a família de Gara ao tomar conhecimento da fuga da filha com o jovem príncipe Jonay, saiu em sua perseguição. Acossados tomaram a decisão de morrer juntos, Jonay afiou as extremidades de uma forte vara de cedro encontrada ali, e colocou entre seu peito e de sua amada com as pontas afiadas apontadas em seus corações. E olhando-se profundamente nos olhos um do outro, se abraçaram deixando que a vara transpassasse seus peitos atingindo ao músculo do coração, produzindo o encontro de água, fogo e morte, numa fusão eterna”.










La Gomera - 01/02/2011.
Regina Clara de Aguiar